LiveZilla Live Chat Software
Clique e fale conosco
0
Vantagens de ser um associado
Associados
OK

Notícia


Petrobras depende de novos reajustes para bancar plano de investimentos

 
 
Por Cláudia Schüffner, Rodrigo Polito e Marta Nogueira | Do Rio
 
 
Leo Pinheiro/Valor / Leo Pinheiro/Valor
 
 
Graça Foster, presidente da Petrobras, afirmou ontem que não espera que 100% de paridade de preços da gasolina e diesel seja alcançada ainda este ano

O corte nos investimentos previstos no plano de negócios e gestão 2014-2018 da Petrobras não convenceu o mercado sobre a sustentabilidade financeira e as ações da companhia foram negociadas com a menor cotação desde 2005. A percepção é que a empresa continuará dependente de decisões do governo, a principal delas sendo a permissão, difícil em ano eleitoral, de reajustar os preços da gasolina e do diesel, ou mesmo postergar investimentos. A margem de manobra é pouca.

Ontem as ações preferenciais da estatal caíram 3,52%, negociadas a R$ 13,68, e as ordinárias caíram 2,86%, valendo R$ 12,90.

A Petrobras apresentou redução de 6,8% no orçamento de investimentos até 2018, quando o anterior chegava a US$ 236,7 bilhões, mas precisará captar cerca de R$ 50 bilhões apenas este ano para investir os R$ 94,6 bilhões previstos para 2014.

A companhia vem apresentando geração de caixa menor que o investimento, e ainda sofrendo os efeitos da desvalorização do real sobre suas dívidas. Mais investimentos e custos operacionais com menos retorno levaram ao aumento da dívida e um rebaixamento da nota de avaliação de risco da estatal.

A Petrobras encerrou dezembro com dívida bruta de R$ 267,82 bilhões. A dívida líquida, que alcançou R$ 221,56 bilhões em dezembro, com aumento de R$ 73,75 bilhões em relação ao valor do ano anterior. Em 2012, o passivo já tinha aumentado R$ 44,8 bilhões (mais 43%) na comparação com fim de 2011.

Ontem, em encontro com analistas e jornalistas, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse que não há como retornar os indicadores de financiabilidade da companhia aos níveis autorizados pelo conselho sem novos reajustes dos combustíveis. Mas Graça admitiu que não espera que 100% de paridade de preços da gasolina e diesel seja alcançada este ano.

"Não existe a premissa de que a Petrobras não tenha convergência com os preços internacionais, nem no ano de 2014. Vamos atingir a plenitude, a paridade em 2014? Não", disse. E acrescentou: "O plano não considera isso. Mas o plano considera que marchamos na busca da convergência, da paridade nos dois anos que nos foram impostos para que a gente retorne aos indicadores".

Os indicadores de alavancagem também continuarão ultrapassando os limites em 2014. A expectativa do plano de negócios é reduzir os indicadores de alavancagem dentro de 24 meses. No fim de 2013, o indicador que mede o endividamento líquido dividido pelo lucro antes de juros impostos, depreciação e amortização (Ebitda) equivalia a 3,52 vezes, quando a meta é que fique em 2,5 vezes. Já o indicador de alavancagem que considera a relação entre a dívida líquida e a soma da própria dívida com o patrimônio líquido estava em 39%, quando o limite que garante é de 35%. Em outras palavras, o indicador mostra que os credores fornecem 39% dos recursos para a empresa, enquanto os acionistas financiam o restante.

"O ano de 2014 é um ano posto, que foi construído três anos atrás. E o ano de 2015 está menos a mão para soluções do que 2016 e 2017", disse Graça admitindo ainda que se preocupa com a classificação da companhias pelas agências de classificação de risco.

A Petrobras pretende licitar em abril as obras das refinarias Premium I (MA) e Premium II (CE), que estavam listadas como projetos em análise no plano anterior. Elas vão contribuir para a meta de produzir 3,9 milhões de barris de derivados em 2020. Uma das saídas para dar início a novos projetos mesmo diante da geração de caixa insuficiente é desenvolver os dois projetos em parceria com outras empresas.

Graça esteve na China falando sobre o assunto, mas disse que negocia também com outros parceiros. Contudo a rentabilidade do investimento é um ponto desafiador, considerando que a maior produtora de derivados do Brasil vende preços com defasagem, o que não é um bom sinal para atrair investidores,.

"Estive na China e discuti com chineses sobre parcerias no refino. E essas parcerias estão em discussão com alto nível de maturidade. E não discutimos só com chineses", disse.

O diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Petrobras, Almir Barbassa, não descartou a venda de ativos este ano, como parte do esforço para financiar os investimentos da companhia. O executivo observou que o fato de a petroleira ter encerrado oficialmente o programa de desinvestimentos não significa que a empresa não planeje novas vendas.

"Vamos permanentemente analisar o valor dos nossos ativos. Continuaremos avaliando oportunidades de investir e desinvestir o tempo todo", completou a presidente Graça Foster.

Além dos desinvestimentos, outra frente de ataque adotada pela petroleira para levantar recursos para bancar o plano de negócios é o aumento da produção. A meta da companhia é aumentar a produção de petróleo em 7,5% este ano, para 2,075 milhões de barris por dia em média, na comparação com 2013, mantendo ainda margem de 1 ponto percentual para mais ou para menos. Para 2018, o objetivo é alcançar 3,2 milhões de barris/dia de petróleo e 4 milhões de barris/dia produzidos no Brasil e exterior em 2020. Com esses volumes, a Petrobras não terá grandes excedentes de petróleo para exportar, já que grande parte irá ser processado em suas refinarias.

A revisão do plano de negócios reduziu a previsão de investimentos para a área de abastecimento de uma forma ainda não muito bem esclarecida pela Petrobras. Para essa área, que terá duas novas refinarias no horizonte, os investimentos recuaram de US$ 64,8 bilhões no plano anterior, para US$ 38,7 bilhões no plano atual.

Ao mesmo tempo a companhia ampliou o volume de recursos para o segmento de exploração e produção (E&P). Dos US$ 220,6 bilhões previstos no plano até 2018, o equivalente a 70% (US$ 153,9 bilhões) são destinados para o E&P.

Questionado sobre a expressiva queda no volume de investimentos para o Abastecimento, o diretor da área de negócios, José Carlos Cosenza, disse que a redução é explicada pelo avanço das obras da refinaria do Nordeste (Rnest), em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que demandarão menos recursos. Segundo Graça, a primeira unidade da Rnest entrará em operação no quarto trimestre deste ano. Já a segunda unidade está programada para o segundo trimestre de 2015. O Comperj continua previsto para 2016.

Fonte: Valor Econômico

 


0
0
0
Associação de Inspetores - Todos os direitos reservados. 2015 Desenvolvido pela Williarts Internet